Para avaliar as consequências económicas das inundações no Rio Grande do Sul, Brasil, procuremos um evento comparável no estrangeiro, como a devastação causada pelo furacão Katrina nos Estados Unidos em 2005. As inundações no Brasil em 2024 estão a revelar-se catastróficas.
Neste artigo vamos contar tudo o que você precisa saber sobre o consequências das enchentes no Brasil em 2024.
Inundações no Brasil de 2024
Segundo o economista Sergio Vale, que trabalha na MB Associados, consultoria especializada em monitorar as repercussões econômicas dos eventos climáticos, o Brasil vive atualmente um nível de devastação econômica sem precedentes. As recentes inundações causaram danos significativos, superando qualquer incidente anterior relacionado com o clima na história do país.
O impacto do furacão Katrina na economia da Louisiana resultou numa contracção de 1,5%, um desvio significativo em relação ao crescimento projectado de 4% para esse ano nos Estados Unidos.
Segundo a MB Associados, a economia do Rio Grande do Sul deverá experimentar uma contração de 2%, uma mudança significativa em relação ao crescimento de 3,5% registado nos 12 meses anteriores a abril.
Além disso, as consequências a nível nacional serão quase certamente significativamente mais substanciais em comparação com o impacto observado durante o Katrina nos Estados Unidos, visto que a economia do Rio Grande do Sul representa aproximadamente 6,5% do PIB do Brasil.
Segundo a MB Associados, inicialmente foi projetado que o Brasil teria uma taxa de crescimento de até 2,5% para o ano em curso. Porém, após o infeliz incidente no Rio Grande do Sul, a projeção de crescimento foi revisada para 2%.
Outras crises no Brasil
Ao longo de sua história, o Brasil enfrentou diversas crises importantes que tiveram um impacto profundo no desenvolvimento de sua economia.
Num caso, em 2001, uma seca desempenhou um papel importante numa crise de racionamento de energia e nos subsequentes apagões. Ao contrário do crescimento Dos 4,4% do ano anterior, a economia nacional sofreu um abrandamento significativo, atingindo apenas 1,4%. Embora a seca tenha desempenhado um papel importante, o problema central por detrás da crise de 2001 não estava relacionado com o clima. Pelo contrário, foi causada principalmente por obstáculos nas redes de distribuição, que impediram a distribuição eficiente de energia em todo o país.
A recente tragédia no Rio Grande do Sul, que deixou um número devastador de mortes de pelo menos 149 pessoas, deverá afetar vários aspectos da economia brasileira, incluindo o crescimento do PIB, o setor agrícola e as contas públicas.
Danos por inundação
De acordo com economistas e estudos, o impacto económico preciso das chuvas em curso não pode ser medido com precisão neste momento, uma vez que as chuvas continuam e ainda não foi realizada uma avaliação abrangente dos danos.
A falta de clareza na definição da situação também tem consequências políticas. As autoridades mencionaram diversas medidas e alocações de recursos para o Rio Grande do Sul, mas os detalhes dessa assistência ainda estão em deliberação, deixando os números incertos.
Segundo estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) No dia 14 de maio, as enchentes afetaram significativamente 94,3% da atividade econômica do Rio Grande do Sul.
Segundo Arildo Bennech Oliveira, presidente interino da Fiergs, os principais centros industriais do Rio Grande do Sul estão entre as áreas mais afetadas, afetando setores cruciais da economia gaúcha.
A atividade econômica do Brasil recebe uma contribuição significativa de R$ 220 bilhões (US$ 42,83 bilhões) de três grandes regiões, a saber, a Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Serra. Um total de 23.700 indústrias estão concentradas nessas três regiões, que Eles empregam uma força de trabalho de 433.000 pessoas.
A Região Serrana, conhecida por cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha, tem conquistado reconhecimento por suas importantes contribuições às indústrias metalúrgica e moveleira, especialmente na produção de veículos, máquinas e produtos metálicos.
Além da fabricação de itens metálicos como veículos, autopeças e máquinas, a Região Metropolitana de Porto Alegre também possui uma próspera indústria de produção de petróleo e produtos alimentícios. Entretanto, A região do Vale dos Sinos ganhou fama pela excepcional produção de calçados.
Impacto na economia
O impacto da crise económica estendeu-se para além de uma única indústria. Sectores como o do tabaco e dos produtos químicos também registaram efeitos significativos. Segundo estudo realizado pelo Bradesco, a crise no Rio Grande do Sul tem potencial para provocar uma redução no crescimento do PIB nacional de aproximadamente 0,2 a 0,3 pontos percentuais.
Em contrapartida, durante o ano em que o estado foi atingido por um ciclone em 2008, o crescimento do PIB do estado foi de 2,9%, enquanto a taxa de crescimento global do Brasil foi registrada em 5,1%.
A Confederação Nacional dos Municípios realizou um estudo adicional que sugere que as perdas financeiras decorrentes das enchentes ultrapassam R$ 8,9 bilhões (equivalente a US$ 1,732 milhões).
Segundo o CMN, o prejuízo total ascende a 1.730 milhões de dólares, dos quais 467 milhões afectam o sector público, 370 milhões o sector produtivo privado e um montante significativo de 895 milhões de dólares são atribuídos à destruição de habitações. O sector agrícola também foi fortemente afectado.
No âmbito da agricultura brasileira, o Rio Grande do Sul se destaca como uma força formidável, representando 12,6% do PIB agrícola do país. Segundo o Bradesco, as enchentes terão impacto significativo na agricultura brasileira, tornando-a um dos setores mais afetados da economia.
Segundo relatório de uma instituição financeira, as possíveis consequências desses fatores poderia resultar em uma queda de 3,5% no PIB agrícola do Brasil, superando a estimativa anterior de um declínio de 3%. O impacto no agronegócio poderá ser ainda mais exacerbado por desafios logísticos, que impedem o transporte suave das culturas colhidas e a chegada atempada dos recursos necessários. Parece que esta questão é especialmente preocupante para as indústrias de lacticínios e de carne.
No Brasil, o Rio Grande do Sul é responsável por parte importante da produção agrícola do país, incluindo 70% da produção de arroz, 15% de carne (12% de frango e 17% de porco), 15% de soja e 4% da produção agrícola de milho.
Na semana passada, as inundações tiveram impacto em alguns preços mundiais: O preço da soja na Bolsa de Chicago subiu 2%. No Brasil, o custo do arroz já aumentou, o que levou o governo a declarar a importação deste alimento básico essencial para mitigar o impacto potencial. Há preocupações de que os preços do frango e da carne suína sigam o exemplo no futuro próximo.
Felizmente, a colheita de 70% da safra de soja e de 80% da safra de arroz já havia sido concluída. Restam agora duas questões: até que ponto as cheias afectaram a restante colheita e se os cereais já recolhidos e armazenados em silos foram comprometidos ou permaneceram intactos.
Se os piores cenários se confirmarem, o Bradesco prevê que aproximadamente 7,5% da produção de arroz e 2,2% da produção de soja no Brasil poderão enfrentar potenciais interrupções.
Espero que com essas informações você possa aprender mais sobre as enchentes no Brasil em 2024 e suas consequências.