Crise climática: mudanças, deslocamentos e desafios globais

  • As mudanças climáticas estão acelerando a extinção em massa, ameaçando a biodiversidade do planeta.
  • Práticas agrícolas insustentáveis ​​comprometem a produção de alimentos e afetam nossa saúde.
  • Mais de um bilhão de pessoas podem enfrentar riscos climáticos até 2050.
  • O foco na justiça climática é essencial para lidar com o deslocamento forçado de comunidades vulneráveis.

Ecologista Marten Scheffer

Plantas e animais, incluindo nossa espécie, os humanos, precisam de milhares, até milhões, de anos para se adaptar a novas condições ambientais. Nesse contexto, as mudanças climáticas atuais representam um desafio sem precedentes, já que estamos acelerando o processo de mudança de uma forma que antes levava milênios. Este fenómeno levou muitos especialistas a afirmarem que estamos a viver o que alguns chamam de sexta extinção em massa.

A biodiversidade do planeta está em estado crítico. Muitos espécies animais e vegetais estão desaparecendo ou estão em risco iminente de extinção. De acordo com estimativas recentes, até o final deste século, o planeta Terra parecerá radicalmente diferente, a menos que medidas eficazes sejam implementadas para mitigar esse processo. A ecologista Marten Scheffer, vencedora do Prémio Fronteiras do Conhecimento da Fundação BBVA, alertou numa nota Entrevista Que «Com as mudanças climáticas, vamos precisar de novos lugares para viver«. Esta declaração ressalta a urgência de refletir sobre como a humanidade será afetada no futuro.

Agricultura

A Terra não precisa da humanidade; Na verdade, se um dia fôssemos extintos, o planeta ainda existiria. Entretanto, dependemos do planeta até que possamos colonizar outros corpos celestes. Até que isso aconteça, testemunharemos o branqueamento e a morte dos recifes de corais, à medida que os oceanos se tornam mais ácidos, e as florestas tropicais perdem espécies a um ritmo alarmante. Segundo Scheffer, as árvores crescem adaptando-se às condições locais. No entanto, se essas condições mudarem drasticamente, a capacidade adaptativa de muitas espécies está comprometida. A capacidade adaptativa da vida está em jogo.

O impacto nos ecossistemas e na agricultura

Uma floresta tropical não pode ser sustentada com menos de 1500 mm de chuva por ano. No entanto, desmatamento e mau uso dos recursos naturais estão perturbando esse equilíbrio. Além disso, para produzir alimentos para uma população humana crescente, estão a ser utilizadas práticas insustentáveis, incluindo a desflorestação em massa e a utilização de produtos químicos sintéticos na agricultura, que não só danificam o solo, mas também enfraquecem as próprias plantas. Esse ciclo perigoso compromete a produção de alimentos, afetando não apenas a vida selvagem, mas também nossa saúde. No contexto da produção de alimentos, é essencial considerar como a seca em várias regiões afeta a segurança alimentar e está relacionada com a deslocamento forçado devido às mudanças climáticas, especialmente em locais que sofrem os efeitos da mudança climática.

As alterações climáticas não afectam apenas a biodiversidade, mas também intimamente relacionado a outros problemas globais. Por exemplo, a humanidade enfrenta guerras, fomes e escassez de água em muitas regiões do mundo. Esses fatores se entrelaçam e agravam o desafio de realocar pessoas que migram em busca de uma vida melhor em um planeta cada vez mais superpovoado.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) projetou que até 2050 mais de mil milhões de pessoas poderão estar expostas a riscos climáticos, como aumento do nível do mar, inundações e secas. Sem medidas eficazes para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, estima-se que 216 milhões de pessoas serão deslocadas dentro de seus países até 2050, de acordo com o Banco Mundial. Este deslocamento, relacionado com a deslocamento forçado devido às mudanças climáticas, é um fenômeno que ressoa com a situação crítica enfrentada por lugares como Sudão, onde as mudanças climáticas levaram a condições inabitáveis. Este cenário também pode ser observado em cidades que podem desaparecer devido ao aquecimento global.

Deslocamento forçado e justiça climática

As migrações climáticas estão a atingir proporções sem precedentes, com a deslocamento forçado de milhões de pessoas em todo o mundo. Em 2022, 32.6 milhão de pessoas foram deslocados, um aumento de 41% em comparação com a média dos últimos dez anos. Destes, aproximadamente 70% buscam refúgio em países vizinhos, preferindo permanecer o mais perto possível de casa e da família, seja para escapar de conflitos ou desastres naturais. Neste contexto, é necessário aprofundar a forma como as comunidades procuram adaptar-se e sobreviver, bem como o papel das mudanças climáticas no deslocamento de pessoas.

Pessoas deslocadas por motivos não relacionados a desastres, incluindo refugiados e deslocados internos, geralmente estão localizadas em ambientes vulneráveis ​​às mudanças climáticas. Em lugares como o Sahel, onde a crise de deslocamento pioraQuase três milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido à violência e aos conflitos agravados pelas mudanças climáticas. Isto realça a necessidade de abordar estas crises, que em muitos casos estão inter-relacionadas com a deslocamento forçado devido às mudanças climáticas e pela vulnerabilidade de certos grupos.

A Diretora da Organização Internacional para as Migrações, Dina Ionesco, afirmou que as mudanças ambientais relacionadas com as alterações climáticas poderão alterar significativamente a padrões de assentamento humano. Essa realidade ressalta a necessidade de abordar a justiça social e as desigualdades existentes no contexto das mudanças climáticas. Os mais pobres são muitas vezes os mais afectados, uma vez que não possuem os recursos necessários para se adaptar ou se preparar para essas mudanças. António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, destacou esta injustiça: "Os mais pobres têm o direito de ficar zangados. Eles estão sofrendo com uma crise climática sem causa e promessas financeiras quebradas.

Anomalias térmicas do ano 2015
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É essencial entender as mudanças climáticas como um "multiplicador de ameaças". Essa perspectiva é fundamental para gerenciar a crise atual, pois além de soluções imediatas, é necessário um compromisso para abordar as causas profundas dos conflitos relacionados à terra e aos recursos.

O papel das políticas internacionais

O impacto das alterações climáticas na migração exige uma ação coletiva a nível global. As políticas internacionais devem se concentrar na justiça climática e na criação de estruturas que permitam que as comunidades mais vulneráveis ​​se adaptem e sejam resilientes. A ênfase na justiça é crucial, especialmente em contextos onde as alterações climáticas estão a destruir habitats, como se observou em A grande barreira de corais.

As Nações Unidas destacaram a importância de integrar as alterações climáticas nas agendas de desenvolvimento, observando que as soluções devem considerar uma perspectiva de direitos humanos que atenda às necessidades das populações deslocadas. As Conferências das Partes (COPs) devem servir como fóruns para tomada de decisões eficazes e contribuir para o desenvolvimento de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável e a justiça social. Além disso, é fundamental destacar que a A infraestrutura verde pode melhorar a resiliência em comunidades vulneráveis.

Para atingir isso, é necessário um comprometimento com ações que busquem. reduzir as causas subjacentes dos conflitos, especialmente nas regiões mais afetadas. A implementação de programas de apoio que fortaleçam a capacidade de adaptação dessas comunidades é essencial para mitigar o impacto das mudanças climáticas na migração. Este contexto ressoa especialmente na situação que enfrentamos Vanuatu, a região do mundo mais vulnerável às mudanças climáticas.

Emigração devido às alterações climáticas

Além disso, é fundamental estabelecer vínculos entre organizações locais, nacionais e internacionais para abordar as mudanças climáticas como um fenômeno global. Esta abordagem permitirá a criação de redes de apoio que aumentar a resiliência das comunidades e aumentar sua capacidade de resposta a crises ambientais. A realidade climática no mundo mostra que mesmo lugares como Estados Unidos tomar decisões que afetam o estado global do meio ambiente.

A situação que a humanidade enfrenta é complexa e multifacetada, com as mudanças climáticas impulsionando a migração forçada. É necessário adotar uma abordagem abrangente e colaborativa que aborde as causas subjacentes à crise, garantindo assim um futuro mais sustentável e justo para todos.

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