Uma em cada cinco casas rurais em Alicante está localizada em áreas com risco de inundação.

  • O estudo da Universidade de Alicante estima que 1 em cada 5 casas rurais está exposta a inundações.
  • Em Cañada del Fenollar, a confluência de duas ravinas aumenta o risco para 40% para 1.320 edifícios.
  • A combinação de solo impermeável, abandono agrícola e ocupação dispersa agrava o escoamento.
  • Moradores reivindicam serviços básicos e medidas urgentes; apoio da Guarda Civil e coordenação municipal está sendo avaliado.

Risco de inundação em casas rurais em Alicante

Um trabalho académico recente da Universidade de Alicante conclui que uma em cada cinco casas localizadas em zonas rurais do município está localizada em ambientes propensos a inundaçõesA análise centra-se na áreas dispersas e nos edifícios construídos nas últimas décadas em áreas com dinâmica fluvial ativa.

Além da quantidade de chuva, o risco é agravado pela litologia impermeável do terreno, o abandono de culturas em antigas ravinas e a expansão irregular de construções em pontos baixos e perto de ravinas. Esta combinação favorece uma baixa infiltração e escoamento muito alto, um padrão que já se manifestava em episódios como as cheias de 1982 e 1997 em Alicante.

Radiografia do risco nas áreas rurais

O autor da pesquisa, Carles Vaquer Pastor, identificou e mapeou quase 9.000 edifícios em terrenos rurais e urbanos em áreas rurais. Destes, cerca de 1.800 são expostos quando são gravados Chuva forte, com potenciais impactos tanto nas casas como infraestrutura essencial.

O estudo alerta para duas realidades paralelas: edifícios em terreno urbano sem serviços públicos básicos e outros construídos em terrenos rurais onde as normas de planeamento urbano vigentes não seriam cumpridas. Esta mistura de déficits de planejamento e a ocupação em áreas propensas a inundações aumenta o impacto potencial na segurança e na qualidade de vida da população residente.

Hotspots: Cañada del Fenollar e a rede de ravinas

Onde o problema piora é na Cânion Fenollar, uma área atravessada pela Rambla de l'Alabastre e sua confluência com a Rambla del Rambutxar. Nesta área, o estudo estima que até% 40 Cerca de 1.320 edifícios, tanto urbanos como rurais, estão localizados em áreas com probabilidade significativa de inundação.

A exposição também afeta as instalações, com destaque para a Escola Primária Cañada del Fenollar. Segundo o relatório, episódios de chuvas intensas causaram interrupções no acesso aos serviços básicosredes de comunicação, situação que agrava a vulnerabilidade das famílias e dos próprios alunos.

Como a análise foi feita

A equipe, liderada por professores Fonte Pablo Giménez y Antonio Prieto Cerdán, combinou informações do Cadastro e do PATRICOVA (Plano de Ação Territorial Setorial para a Prevenção de Riscos de Inundações na Comunidade Valenciana) com dados do Instituto Cartográfico Valenciano e do INEEste banco de dados permitiu traçar um mapa detalhado das áreas de maior risco.

Além de fontes institucionais, recorremos a imagens de satélite e entrevistas com vizinhos para integrar a interpretação física do território com seu impacto social. Com essa metodologia, o estudo detecta moradia irregular perto das ramblas y áreas deprimidas, precisamente onde a lâmina de água pode se concentrar e cortar o acesso.

O papel da terra e a mudança de usos

As áreas rurais apresentam ravinas de fundo plano uso agrícola tradicional hoje em declínio, parcialmente substituído por ocupação residencial dispersa. O abandono agrícola, aliado à presença de margas impermeáveis, reduziu a infiltração e acelerou o escoamento superficial, amplificando o perigo em tempestades.

Este modelo de ocupação dispersa, recente e muitas vezes irregular deixou edifícios em enclaves com dinâmica hidrológica ativaO resultado é um mosaico de parcelas onde a chuva intensa se encontra baixa capacidade de absorção e maneiras naturais de se concentrar e transbordar.

Impacto social e resposta institucional

Segundo o autor, a população local não só convive com a insegurança física típico de inundações, mas com a falta de apoio adaptado em caso de necessidade. A Associação de Moradores da Cañada del Fenollar relatou saturação no ambulatorial e na escola, deficiências na coleta de resíduos e um aumento da insegurança, exigindo maior envolvimento municipal.

A nível administrativo, a entidade de bairro tem angariado apoio da Guardia Civil, especialmente da SEPRONA e da Subdelegação do Governo. Por sua vez, o serviço municipal reconhece a gravidade do problema e estuda ações urgentes, como a melhoria da coordenação entre as Agência de Proteção do Território Valenciano, o Departamento de Planejamento Urbano e a própria Guarda Civil.

O estudo também relembra a situação de Escola Primária Cañada del Fenollar, onde salas de aula pré-fabricadas foram instaladas há quase duas décadas e obras foram anunciadas há seis anos para reforçar a segurança do centro. O projeto, ressaltam, está nas mãos da Câmara Municipal, que deve colocar as ações em licitação relevante.

Medidas em cima da mesa e desafios pendentes

Entre as linhas de trabalho citadas pelas administrações e pela comunidade, destaca-se a necessidade de fortalecer o controle do planejamento urbano Em áreas propensas a inundações, melhorar a manutenção de canais e ravinas e priorizar acesso seguro para emergências em episódios de chuva forte.

Propõe-se também promover sistemas de alerta e protocolos proteção Civil adaptados às particularidades das áreas rurais, juntamente com investimentos em serviços básicos que reduzam a vulnerabilidade social daqueles que vivem nesses ambientes.

Com os dados disponíveis, Alicante enfrenta um desafio que combina geografia, planejamento e coesão social: 1 em cada 5 casas As áreas rurais mapeiam um risco que se concentra em áreas críticas como a Cañada del Fenollar e que requer coordenação institucional, critérios claros de planejamento urbano e soluções práticas que protejam as pessoas e o território.

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